Will Eisner passou quase toda sua vida em uma luta para provar o valor dos quadrinhos. Fez isto da melhor forma que podia produzindo quadrinhos que são autenticas obras de arte. Aliando um talento excepcional desenhista com uma notável capacidade de narrar histórias, não chega a ser surpresa que tenha produzido varias obras primas que sempre são citadas como alguns dos melhores exemplos da nona arte, como: “Um Contrato com Deus”, “Spirit”, ”Avenida Dropse”, “Pessoas Invisíveis” , entre muitos outros.
O livro “Ao Coração da Tempestade” é uma destas obras primas que une quase todos os pontos que tornaram Eisner um sinônimo de criador de quadrinhos de qualidade. Por meio de um desenho que mostra ângulos inusitados, cenas muito bens construídas e uma quadrinização dinâmica é muito difícil abrir uma pagina aleatória desta historia e não encontrar uma cena dinâmica e viva como se fosse um frame de um bom filme.
A história se passa durante o trajeto de um jovem recruta que lutará durante a segunda guerra mundial e que vai se recordando das histórias de sua família. A partir daí este protagonista só serve de elo entre todas histórias (geralmente narrada em flashbacks) do pai e da mãe e da vida destes nos primeiros anos do século vinte na Europa e Estados Unidos.
Nesta mistura de uma ficção com as memórias do autor e os fatos históricos interpretados por vieses pessoais dos personagens principais vão sendo expostas as ideologias presentes naquela sociedade e os preconceitos são desmascarados de forma sutil, sem que a empatia pelos personagens seja diminuída, porque, enfim, são os retratos de pessoas que nós entendemos.
Leitura altamente recomendada tanto para leitores de quadrinhos quanto para qualquer um que queira ter uma boa historia que faça refletir e se questionar sobre a validade de seus conhecimentos.
Rui Carodi.