Rafael conhece a biblioteca há mais de dez anos, começou a utilizar os serviços da biblioteca era aluno do cursinho de Primeiro de Maio, em 2002. Em seguida, entrou no curso de Química da FC, depois começou o Mestrado em Ciência e Tecnologia de Materiais, e então veio o Doutorado no mesmo programa. Durante esse tempo ele observou as mudanças que ocorriam na biblioteca – “Agora todos os procedimentos são praticamente on-line, antes tínhamos que levar o livro até a biblioteca para renovar, mesmo se não houvesse reservas.” – e na maneira que ela supria suas necessidades acadêmicas – “Eu era da segunda turma do curso de Licenciatura em Química, os livros ainda estavam sendo indicados pelos professores e adquiridos, então, não atendia a todos os alunos e sempre revezávamos nos empréstimos para não ficarmos sem material de estudo.” Hoje, como aluno de doutorado, sua utilização se alterou, mas a Biblioteca ainda tem papel importante. “Praticamente todas as consultas a bibliografia, livros textos e literatura científica específica que utilizei na minha vida acadêmica foram feitas através de empréstimos na biblioteca.”
Camila: Como é sua utilização dos serviços da Biblioteca? Há algo aqui na Biblioteca que você observa de diferente, que acha positivo para o ambiente?
Rafael: Atualmente, eu não utilizo mais a biblioteca para estudar, pois tenho espaço físico no laboratório onde desenvolvo o meu trabalho. Porém, na época da graduação nós éramos numerosos e fazíamos grupos para estudo em sala especifica da Biblioteca, o espaço atendia as nossas necessidades, mas é importante ressaltar que às vezes não havia salas disponíveis e estudávamos nas mesas interiores ao acervo. Sempre lia o jornal do dia na Biblioteca e também utiliza os serviços de EEB. Hoje não uso mais os espaços para estudo, mas os serviços informatizados facilitam muito a renovação dos livros. Quanto a consulta a bases de dados, eu faço sempre pelo VPN da Unesp no meu próprio computador.
C: A Biblioteca do nosso câmpus é a única da rede que atende faculdades de três áreas diferentes. Isso gera um debate em que alguns defendem que o ideal para Bauru seria mais de uma biblioteca e outros defendem a variedade no acervo e nos perfis de usuário. Como você observa isso?
R: Creio que a questão que leva a diferença entre as áreas deve ser bem discutida, mas o mais importante é o acesso à informação. Eu particularmente prefiro que o acervo permaneça junto. A segregação do material vai contra os princípios de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, os profissionais que a universidade prepara, nos quais me incluo, devem estar aberto a todo tipo de informação para processá-la e transformá-la em conhecimento. Hoje, um bom profissional deve ter a mente aberta, pois os problemas da sociedade são indissociáveis em áreas de ensino, a segregação é coisa do passado e o que temos/precisamos fazer enquanto cientistas/professores/profissionais liberais é resolver os problemas e demandas da sociedade, um conhecimento segregado não vai ao encontro desse caminho.
C: Quando você esteve em Rennes, você utilizava a biblioteca? Se sim, percebeu diferenças na utilização? [Rafael passou um ano de seu Doutorado na Universidade de Rennes, na França]
R: Eu utilizava os serviços on-line da biblioteca de Rennes, os serviços eram pagos e de pagamento obrigatório para todos os alunos matriculados, não fiz empréstimos de livros, mas assisti a palestras e exposições que aconteciam em suas dependências. A diferença entre as bibliotecas é que o acervo de Rennes é bem antigo, existem exemplares originais de 100, 150 anos, são sistemas diferentes, cada um funciona bem e da sua maneira, não vejo como estabelecer uma comparação. Eu acredito que o acesso a base de dados de artigos científicos por lá é mais abrangente. Porém, no Brasil a CAPES faz a assinatura de diversas bases de dados, não vejo grandes diferenças no acesso à informação, tanto da biblioteca de Rennes como da biblioteca de Bauru.