Aqueles que pensam em fazer intercâmbio costumam ter três idéias sobre a experiência: aperfeiçoar o conhecimento sobre seu curso; praticar outro idioma; conhecer outra (ou várias outras) cultura. O que pode não passar pela cabeça dos que pretendem viajar ou até daqueles que viajam é que sua relação com a biblioteca ou até com livros pode mudar.
Amanda Tavares está no quarto ano de Jornalismo e como a maioria dos seus colegas de curso gosta de ler e se interessa por livros em geral. Apesar disso, sua relação com a Biblioteca não era as das mais próximas. Realizava empréstimos eventuais, geralmente de livros relacionados a trabalhos exigidos pelas disciplinas, e fazia a renovação online, mas não utilizava muitos outros serviços. “Aliás, é uma coisa que eu pretendo mudar no meu comportamento quando eu voltar, porque eu sinto que poderia estar aprendendo muito mais com a biblioteca!” comentou a aluna. Desde o início desse ano, Amanda está estudando na Universidade de Roehampton, pelo programa de intercâmbio Ciências sem Fronteiras, e observou algumas diferenças na relação que seus colegas ingleses tem com livros, leituras e biblioteca.
Foto: Arquivo Pessoal
Camila: Sobre sua experiência aí em Londres… Por que você escolheu estudar na Inglaterra?
Amanda: Bom, eu sempre quis vir pra Inglaterra! É até difícil explicar de onde veio a idéia pq era algo que eu queria desde pequena. Eu me interessava pelo país por causa da cultura e a chance de estudar aqui seria ótima pra que eu aprendesse sobre ela… Música, cinema, literatura, tudo daqui sempre esteve presente na minha vida! Também tem o fato de ser um país muito bonito, no qual eu poderia praticar meu inglês e economicamente desenvolvido, o que seria particularmente interessante pra tentar arranjar um estágio na minha carreira ou algo assim.
C: Nesses primeiros meses em Londres, você sentiu diferença entre os hábitos de leitura dos ingleses e o que se tem no Brasil?
A: Eu senti bastante diferença nos hábitos de leitura. Pra mim, o uso da biblioteca aqui é muito mais frequente, porque grande parte do aprendizado fica por conta do próprio aluno. O pessoal vai direto pra biblioteca pra estudar, empresta mil livros, faz consultas o tempo todo. É muito legal! E eles também têm muito incentivo pra ler. Fico com a impressão de que o país realmente valoriza a cultura, essa necessidade das pessoas de aprenderem.
C: Os alunos costumam buscar os livros em bibliotecas ou preferem comprá-los?
A: Eu vejo bastante gente tanto emprestando os livros quanto comprando. Na matéria de literatura que eu cursei, eu vi bastante gente comprando mesmo. Aqui, um paperback (aqueles livros de capa mais molinhas) é muito barato, o que os torna bastante acessíveis. Pra se ter uma noção, eu cheguei a comprar livros por 2 libras na internet. Isso dá no máximo uns 7 reais. Já estou com vários aqui em casa, quero ver como vai ser pra levar embora depois.
C: Na Universidade de Roehampton, a biblioteca exerce um papel importante na formação dos alunos? Ela é bastante utilizada, os professores indicam serviços que podem ser encontrados lá para auxiliar a pesquisa?
A: A biblioteca em Roehampton é bem utilizada sim. Pra vários trabalhos, os professores indicaram livros que estavam lá pra servirem de base na minha pesquisa, e o sistema de busca é muito eficiente. Algumas matérias possuem até uma lista eletrônica de livros essenciais e recomendáveis pra aquele módulo, e você pode só clicar no link e ver se ele está disponível ou não. Achei bem útil.
C: Você percebeu grandes diferenças entre a biblioteca de Roehampton e daqui?
A: Sinceramente, pra mim a maior diferença entre a biblioteca de Roehampton e da Unesp foi o acervo mesmo. No geral, aqui parece ser muito mais completo e variado. Eu, por exemplo, gosto muito de fotografia, e aqui eu acho qualquer tipo de livro sobre isso, desde os teóricos até os só de imagens. Em Bauru eu não via tantas opções nessa área. Também achei bacana que existem livros que não se relacionam diretamente a nenhum curso do câmpus, mas que podem ajudar na pesquisa ou servir para os alunos de alguma forma. A biblioteca aqui também tem uma área exclusiva para crianças, que serve como um serviço pra comunidade, o que eu achei bem interessante também…
C: Você acha que na Biblioteca de Roehampton há alguma coisa (na infra-estrutura, nos serviços, na maneira de lidar com os usuários) que poderíamos repetir aqui para prestarmos um serviço melhor?
A: Sobre o serviço, eu não senti muita diferença não. Aqui é tudo bem impessoal, na verdade, nós mesmos retiramos e devolvemos os livros através de umas máquinas. Eu sempre fui muito bem tratada pelos funcionários da Unesp e sinto até falta disso aqui às vezes, apesar de eles também serem extremamente educados e solícitos quando necessário.
C: Eu vi no site da faculdade que em alguns dias do semestre de maior demanda, a biblioteca fica aberta 24h. Você sabe como isso funciona?
A: Bom, sobre a biblioteca estar aberta 24h eu realmente não sei como funciona, pq eu nunca apareci lá de madrugada nem nada. Mas sei que os alunos usam muito, especialmente por deixarem os trabalhos pra última hora, e que esse período acontece justamente perto dos deadlines finais dos semestres. Eu acredito que apenas alguns funcionários devam ficar por lá, mais para zelar pela segurança do prédio mesmo. O que eu fiz foi ir à biblioteca de domingo à tarde, por exemplo, o que eu achei muito útil! A gente também tem aqui uma sala com “Key Texts” que servem só pra consulta e você não pode levar pra casa. É ótimo porque são sempre livros importantes dos quais você pode precisar de última hora.
Camila Oliveira
Confira sempre no blog uma entrevista com um usuário da Biblioteca, aluno, professor, funcionário, aposentado. A intenção é conhecer melhor a visão daqueles que usam regularmente a Biblioteca sobre nossa estrutura, serviços e objetivos. Se você gostaria de ser entrevistado, ou gostaria de sugerir alguém para ser entrevistado, mande um e-mail para camila@bauru.unesp.br.